COP30: os povos originários e o impulso histórico para refundar a ONU
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Por: Vinicius Puhl*
Em Belém do Pará no Brasil, onde a COP30 deveria simbolizar a retomada da ambição climática global, cresce um sentimento incômodo entre participantes, organizações da sociedade civil e até negociadores veteranos: a percepção de que a ONU — tal como estruturada — já não consegue exercer o papel de coordenação e solução diante das emergências climáticas. Como apontam alguns pesquisadores importantes, que destacam que “a COP virou um grande ritual burocrático, dominado por tecnocracias que se protegem a si mesmas enquanto o planeta queima”.
Apesar do discurso oficial de inclusão, representantes de uma das principais tribos da região relatam que não conseguiram sequer ser ouvidos por delegações da ONU. O impasse, somado ao reforço ostensivo das forças de segurança brasileiras e das equipes da ONU, criou um clima inédito de tensão. Entre participantes internacionais, uma expressão ganhou força nos corredores: “a COP que teme os indígenas”.
“É impressionante: viajamos até aqui para debater justiça climática, mas indígenas locais não conseguem atravessar a porta para conversar com quem decide”, critica um economista chileno. Já a ativista brasileira Carolina afirma que “a ONU se tornou um labirinto de regras que sufocam qualquer diálogo real”. Para o técnico ambiental Robert, a situação é sintomática: “Se a ONU não ouvir quem vive o impacto na pele, talvez seja hora de refundar tudo”.
Neste sábado (15/11), organizações indígenas prometem um grande protesto nas imediações da COP30, denunciando exclusão, excesso de controle e a falta de resultados práticos após décadas de negociações climáticas. Entre muitos participantes, ecoa uma tese desconfortável: os povos originários parecem ter mais razão do que chefes de Estado que repetem promessas já desgastadas. E, para parte crescente da comunidade climática, o recado é claro — não haverá futuro possível se a governança internacional continuar olhando para a própria burocracia em vez de para a Terra que pretende salvar.

* Vinícius Puhl é Jornalista com Formação Executiva de Líderes pela FGV, Especialista no rascunho de primeira ordem (FOD) do Relatório Especial do IPCC sobre Mudanças Climáticas e Cidades (SRCITIES) e Diretor da Technical Partner.





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