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O PODER DIGITAL

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Econômico, Político e Ideológico e suas implicações


Imagem gerada por IA
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Por Derci Pasqualotto*


A tecnologia digital - as Big Tech da Comunicação: X, Meta, TIK TOK, Google, Amazon, Apple e outras – nos ofereceram múltiplas formas de interações e grandes possibilidades de conexão e, ao mesmo tempo, nos impuseram múltiplas formas de exploração, servidão e dominação.

Estas gigantes hoje dominam (ou quase todo) o mundo econômico, as relações de trabalho, as relações sociais, a política (governos - basta ver o de Trump) e o debate ideológico.


No mundo econômico e do trabalho, elas tratam os usuários das Redes Sociais como “escravos modernos”, explorando sua força de trabalho gratuita, transformando-os em corpos invisíveis (mercadoria). Os usuários das plataformas digitais ao usufruírem das facilidades e da conectividade oferecidas por elas são obrigados a abdicarem de sua autonomia. Ou seja, ao interagir nas Redes Sociais (plataformas e aplicativos das Big Tech da comunicação) podem estar se divertindo, mas – ao mesmo tempo - estão produzindo trabalho não remunerado que vai aumentar os lucros das plataformas. Cada clique dado ou postagem que fazem é uma contribuição ao capital destas empresas. Portanto, trabalho não reconhecido. Trabalho não pago. Trabalho escravo.


Além do trabalho não reconhecido, elas impõem aos usuários uma posição de submissão, ao serem controlados pelos algoritmos, são obrigados a produzirem e divulgarem os desejos, a concepção de sociedade, a percepção da realidade, as regras de funcionamento e as formas de interações sociais das Big tech, sem que eles tenham poder de as modificar.

Cada informação, cada clique, cada postagem que o usuário dá, contribui para o fortalecimento e enriquecimento das plataformas - rende lucro para elas.

Esta é a mais pura relação de exploração que as corporações tecnológicas exercem sobre os usuários. As plataformas (donas, proprietárias, controladoras) extraem lucro do trabalho não remunerado deles. Esta exploração se manifesta através da “renda de dados”: cada informação, cada clique, cada postagem que o usuário dá, contribui para o fortalecimento e enriquecimento das plataformas - rende lucro para elas. Os usuários digitais não são donos nem da informação que reproduzem. O que eles fazem com seu corpo, trabalho, ideias e interações são utilizadas para aumentar o valor da plataforma sem que eles sejam pagos por isso. Esta exploração é mais acentuada e grave quando tratamos dos “trabalhadores digitais” via aplicativos, como uber, entregadores, 99 e outros. É assim que funciona o capitalismo neoliberal fascista digital comandado pelas Big Tech.


Relações Sociais


No campo das relações sociais não é diferente. A sociedade é um lugar não apenas de trabalho e produção. É também um espaço onde as pessoas são incentivadas a consumir, interagir, sentir, conviver, se relacionar.


As Big Tech, a partir desta dinâmica, criaram um mecanismo, via redes, de monopolizar e controlar estas relações. Fazem isso através do ódio. O ódio se tornou o combustível ideal para o capitalismo digital manipular as relações entre as pessoas e fazer aumentar os engajamentos (algarismos) a seu favor. O sentimento do ódio é o que mais cria ou produz reações emocionais intensas entre as pessoas. O ódio se torna um valor inestimável, pois corrompe o tecido social, aumenta a polarização de opiniões, favorece discussões acaloradas e incentiva disputas que se tornam moedas de troca das plataformas. Quanto mais disputa, discussão, mentiras, agressão, mais engajamentos, mais algoritmos, mais lucro para as empresas digitais. Esta realidade atinge mais a geração jovem que transformam sua interação digital em “cultura do ódio” – onde a raiva alimenta o ciclo vicioso de consumo da desinformação.


Relações Políticas


No mundo político, os patrões das Big Tech digitais entram em guerra contra qualquer proposta de regulação de suas plataformas por parte dos Estados. E, em nome da liberdade de expressão, eles ameaçam as soberanias das nações e, o que é mais fundamental, o funcionamento das instituições democráticas que estabelecem deveres e obrigações para a sociedade. A liberdade de expressão não é aplicada da mesma forma em todos os países, depende da legislação, da cultura, das tradições, dos regimes políticos de cada um deles. As Big Tech não respeitam esta realidade e querem impor sua “verdade”.


Mundo Ideológico


No mundo ideológico os donos das Big Tech identificam-se claramente com a extrema-direita (nazifascista) ganhando notoriedade e poder e, passo seguinte, a ajudar na organização e implantação (influenciando eleições com suas mentiras e controles) de governos de muitos países a se assumirem como estados da extrema-direita de cunho nazifascista. Não é à toa que Elon Musk faz parte integrante do governo Trump e, pela sua rede, não só interferiu nas eleições americanas, como quer interferir nas eleições alemães declarando voto a AfD (partido nazista) e manda recados ao Brasil dizendo que chegará a vez de Lula ser derrotado pela extrema-direita. Além de Elon Musk, os demais donos de plataformas digitais declararam apoio ao governo Trump. Todos eles apoiam com entusiasmo os governos da Itália, da Argentina e tantos outros declaradamente de extrema-direita. Além de interferir nos processos eleitorais, desencadeiam, apoiam ou financiam campanhas de desestabilização de governos democraticamente eleitos, como foi a campanha do PIX aqui no Brasil (contra Governo Lula).


auxiliados pelo uso da inteligência artificial e pelos algoritmos, impõem ao mundo o controle comercial e geopolítico com o auxílio de seus exércitos regulares ou privados.

Este modelo de funcionamento das grandes corporações digitais reflete uma transformação socioeconômica política profunda, na qual o corpo digital, constantemente alimentado pelo sistema de dados, se torna um elemento de subordinação e exploração. Modelo que, aos poucos, se consolida mediante governos oligárquicos estruturados e financiados pelos ricos donos das plataformas digitais, auxiliados pelo uso da inteligência artificial e pelos algoritmos, impõem ao mundo o controle comercial e geopolítico com o auxílio de seus exércitos regulares ou privados. Governar virou um negócio onde não há necessidade de democracia, de respeito às instituições ou direitos individuais ou coletivos, respeito à soberania dos povos, a busca pela igualdade e justiça ou de debates.


As novas tecnologias digitais vão moldando o mundo a seu bel-prazer e a partir de seus critérios ideológicos e interesses econômicos.

Ao mesmo tempo que a tecnologia digital oferece novas formas de interações e possibilidades de conexão, impõe novas formas de exploração do trabalho, de controle social e ideológico, de modelos de governos autoritários de extrema-direita, de dominação geopolítica. Faz isso, na maioria das vezes, em nome da liberdade de expressão e de forma sutil, quando, na verdade, usa métodos totalmente perversos, opressivos, antidemocráticos e dominadores.


O futuro do trabalho, das relações sociais, da democracia e da autodeterminação das nações está profundamente atrelado à forma e a capacidade de responder a esse novo paradigma do poder capitalista, neoliberal, nazifascista comandado pelos donos das Big Tech. Desafio colocado a todos quantos querem um mundo mais democrático, justo, igual e livre.


Texto produzido a partir de:

1) Do artigo de Sara York, onde comenta o Livro Tecno Feudalismo do escritor Yanis Varoufakis (sem tradução no Brasil).

2) Do artigo de Marilza de Melo Foucher em https://www.brasil247.com/blog/opoder-mundial-da-extrema-direita-capital-financeiro-redes-sociais-e-asameacas-a-democracia

Fpolis, Janeiro 2025.

Derci Pasqualotto.


*Derci Pasqualotto é filósofo, sociólogo e educador popular. Aposentado.



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